Quando há mais de 200 dias somos confrontados e expressamos a nossa profunda indignação e condenação face ao genocídio do povo palestiniano levado a cabo por Israel na Faixa de Gaza, o Conselho Português para a Paz e Cooperação expressa o seu repudio pela utilização de um espaço sob a tutela de uma empresa municipal de Lisboa para uma atividade promovida pela
Embaixada de Israel, configurando uma associação à Câmara Municipal de Lisboa através da cedência deste espaço.
Esta atividade organizada pela Embaixada de Israel e cuja realização está prevista para a próxima quarta-feira, dia 22 de maio, às 19h, no Cinema São Jorge, tem lugar numa situação em que Israel leva a cabo bombardeamentos e ataques militares indiscriminados que causaram muitas dezenas de milhares de mortos e feridos entre a população palestiniana – milhares dos quais são crianças –, e pela imposição de um cruel e desumano bloqueio que deliberadamente impede o acesso a água, a alimentos, a medicamentos e a combustíveis, essenciais para garantir as mínimas condições de vida a mais de dois milhões de palestinianos na Faixa de Gaza.
Uma atividade que tem lugar num momento em que Israel intensifica a sua política de ilegal ocupação e colonização de territórios palestinianos, como se verifica na Cisjordânia e em Jerusalém Leste, dando continuidade a anos de destruição de povoações inteiras, de assassinatos, de prisões arbitrárias – incluindo de menores de idade –, de exploração e segregação, de humilhações diárias, de ilegalidades, de violências, de crimes e de violações do direito internacional cometidos contra o povo palestiniano.
Uma actividade que se realiza poucos dias após o assinalar a 15 de maio dos 76 anos da Nabka, em 1948, quando as forças militares israelitas massacraram e expulsaram violentamente cerca de 800 mil palestinianos das suas casas e terras.
Basta de tanta impunidade! Israel deve ser responsabilizado pelos seus crimes e violações do direito internacional.
O CPPC lamenta que o PSD/CDS e o PS tenham rejeitado os votos de protesto que foram apresentados pelo PCP e pelo BE na reunião da Câmara Municipal de Lisboa – que teve lugar hoje, dia 20 de maio –, e que repudiam a associação da CML, ou de uma qualquer entidade sob sua responsabilidade, a iniciativas organizadas pela Embaixada de Israel no momento em que as autoridades israelitas, não só incrementam a ocupação e colonização de territórios palestinianos, como levam a cabo uma política genocida contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza.
Continuando a desenvolver e a promover a sua própria ação em articulação com muitas outras organizações e entidades, o CPPC apela à mais ampla ação de exigência de um cessar-fogo permanente e imediato, do acesso da urgente ajuda humanitária à população palestiniana na Faixa de Gaza, da criação do Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Leste, e do cumprimento do direito de regresso dos refugiados palestinianos, conforme as resoluções das Nações Unidas.