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É com grande indignação que o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) reage perante o atentado que foi levado a cabo contra a redacção do semanário francês Charlie Hebdo, em Paris.

O CPPC manifesta o seu pesar e a sua solidariedade às famílias das vítimas e a todos os franceses que vivem com preocupação esta situação e estão empenhados na defesa das liberdades, dos direitos e da dignidade humana, do progresso social, da soberania, da democracia, da paz e da amizade entre os povos em França e em todo o mundo.

O CPPC condena este acto, como condena todo o acto de violência absurda, independentemente das razões invocadas para a sua justificação. Assim como condena quaisquer acções ou consequências que pretendam hipocritamente aproveitar-se da emoção suscitada para alcançar objectivos inconfessáveis.

Não se pode ignorar que o momento que vivemos é também o resultado do ambiente de violência racista e xenófoba, de guerra e de ódio fomentado pelas grandes potências ocidentais para justificar e facilitar, com o recurso a divisões étnicas e religiosas, as ingerências e intervenções que garantam os seus interesses políticos, económicos e geoestratégicos.

O CPPC não pode deixar de alertar neste momento para o perigo da instrumentalização deste acto no sentido da promoção de sentimentos racistas e xenófobos relativamente a diferentes comunidades étnicas e religiosas e aos imigrantes, sentimentos que tem vindo a alimentar o crescimento da extrema direita e de grupos de cariz fascista em França e na Europa e a desviar a atenção para as reais causas da degradação da situação social, do aumento do desemprego e da pobreza que actualmente se vive, nomeadamente, em França e nos diferentes países na União Europeia.

O CPPC considera que este atentado não pode ser igualmente aproveitado para justificar a continuação das intervenções e agressões, como acontece no Afeganistão, no Iraque, na Síria ou na Líbia. Neste sentido, o CPPC não pode deixar de recordar que sucessivos Governos franceses intervêm directa ou indirectamente, inclusive patrocinando grupos que espalham o terror, no Médio Oriente e em África semeando a morte e a destruição.

O CPPC denuncia a hipocrisia daqueles que condenando o atentado de Paris, criam e instrumentalizam grupos que se caracterizam pela sua acção terrorista - como é o caso da Al Qaeda, treinada, financiada e armada pela CIA, com fim de desestabilizar o Afeganistão e servir os interesses dos EUA, e cuja acção se expandiu pelo Médio Oriente e Norte de África – e promovem uma autêntica política de terrorismo de Estado contra países soberanos, sob a capa das ditas “intervenções humanitárias”, da “defesa da liberdade” e da “promoção da democracia”, mas que tiveram e continuam a ter como consequência exactamente o oposto: a morte, a destruição, o incremento de forças racistas e xenófobas e uma escala belicista cada vez maior.

O CPPC reafirma o apelo a todos os amantes da Paz para a necessidade da luta pela Paz, do fim da militarização das relações internacionais e da ingerência e da guerra de agressão, do respeito da soberania dos povos e da independência dos Estados, da construção de uma nova ordem internacional, equitativa, de paz e de amizade entre os povos de todo o mundo.

Os povos têm direito a viver em Paz.